Tempo de leitura estimado: 2 minutos

Pelos membros da classe contábil, é sentida uma forte movimentação a favor da adoção de novas tecnologias, com expectativas disruptivas para o curto prazo. É comum assunto se discutir Machine Learning, Business Inteligence e classificações automáticas de movimentações. Cada vez menos o profissional precisará realizar atividades mecânicas e provavelmente isso não tem volta.

Hoje é visível o movimento pró-tecnologia dentro do mercado contábil, tendo em vista que os eventos mais concorridos pelos profissionais da área não mais focam em discussões técnicas apenas, mas também – e principalmente, em novas soluções para otimizar a realidade de um escritório, bem como reduzir o tempo gasto para realizar as obrigações e atividades dos clientes.

Com oito vezes mais que a média mundial, o Brasil lidera o ranking, exigindo 1.958 horas para preparar e pagar todas as exigências tributárias de uma empresa. Fazem parte do ranking a Bolívia (1.025 horas) e Estados Unidos (175 horas), divulgado pelo Banco Mundial em 2017. Essa estatística é reflexo do alto número de normas e, principalmente, das mudanças que ocorrem diariamente nelas, com uma média de 535 alterações em normas por dia. Foram 5,5 milhões em 30 anos.

Mas não estamos enfrentando algo novo, outras mudanças assim já ocorreram. Em determinado momento, não se usavam computadores, e passou-se a usar. Em outra situação, não era comum a utilização de internet, e passou a ser. É sentido que atualmente a inteligência de software será parte integral e revolucionária da atividade contábil, mais uma vez mudando o que se espera de um contador. Em cada um desses momentos, houve uma significativa redução de quadro de pessoal nas empresas contábeis, o que implicou em redução de custos e um serviço mais preciso e barato, contudo, nesse ritmo, teríamos escritórios de uma só pessoa e centenas de clientes? Já temos, mas não é o que esperávamos. A verdade é que empresas de contabilidade que entregam serviços a um preço extremamente baixo na verdade não entregam um serviço, e sim um software, onde quem faz a contabilidade é o cliente, e não o contador. Nesse ponto chegamos a um embate. É melhor reduzir custo e não entregar qualidade nas informações ou manter o custo e passar a entregar informações relevantes, que nem sempre eram entregues?

Existem adoções às duas causas, mas ambas concordam em uma coisa: contabilidade como é feita hoje vai deixar de existir.

Aí entra o conceito de contador consultor, figura consolidada em mercados mais maduros, mas verde no brasileiro. Com tantas mudanças, não é mais atividade do contador apenas gerar as guias de imposto, e sim analisar suas informações financeiras e traduzi-la para a linguagem dos gestores.

A capacidade de uma empresa gerar resultados a partir de informações tempestivas e precisas se prova enorme quando observamos que empresas que possuem recursos investem sumas relevantes no setor contábil. Não há espaço, dentre tanta competição, para tomar decisões baseadas em achismos.

André Cavalcanti

Autor: André Cavalcanti

Graduado em Ciências Contábeis pela UFPE e graduando de Direito pela UNICAP. Possui 7 anos de experiência na área contábil, com enfoque em assessoria e auditoria, tendo construído carreira principalmente na PwC com enfoque em Auditoria Contábil e Diagnóstico de Processos, que montou a base para a abertura da Valore Contadores Associados em 2016.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *