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É natural no início das atividades de uma empresa que ela não consiga gerar todo o caixa necessário para os primeiros meses de operação. Então, é comum prática que a sociedade aporte capital na empresa. Em outras palavras, o capital social representa a quantia financeira mínima para uma empresa iniciar suas operações. Eventualmente, a empresa irá faturar. Eventualmente, a empresa irá atingir o ponto de equilíbrio e passará a se sustentar. Qualquer gasto antes disso, teoricamente, seria capital social investido.

A partir desse conceito, podemos verificar que é prática no mercado se abrir empresas com capital social fictício, com valores inferiores ao necessário para uma operação sair do papel. Valores entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00 podem parecer algo coerente, mas muitas vezes camuflam uma realidade diferente.

Em tais casos, é comum que os empresários aportem informalmente no negócio, seja por pagar contas da empresa na pessoa física (sem nem mesmo transferir os recursos para a conta da pessoa jurídica antes), seja por realizar compras de insumos. Nesses casos, a realidade financeira da empresa começa a ficar distorcida, uma vez que há confusão patrimonial. Esse aspecto pode ser o primeiro nível de falta de organização que pode levar uma empresa a não ter informações claras sobre quais medidas precisa tomar, o que pode levar a problemas mais sérios.

Mais do que isso, reflete uma característica comum no ambiente econômico brasileiro, que é percebido na estatística do SEBRAE, que diz que até 50% das microempresas fecham antes de completarem 5 anos de operação. O perfil empresarial brasileiro tende a “apostar” em operações, quando iniciam os negócios sem um planejamento adequado ou até mesmo sem os recursos mínimos necessários. Muito disso é tratado como se, mesmo sem os recursos, dar-se-á um jeito, mas a estatística mostra que não é bem assim.

Os empresários que se planejam e orçam seus gastos tendem a estar mais preparados em momentos de dificuldade, e sobrevivem mais. Uma empresa que escolhe iniciar operações com menos recursos do que seria necessário acaba tendo que contar com fatores externos e se mostra frágil em momentos de crise.

O capital social, como símbolo do resultado de um planejamento inicial da empresa, não deve ser ignorado ou considerado de qualquer forma, e sim montado linha a linha, composto analiticamente por cada despesa que a empresa vai ter antes de conseguir se manter sozinha. Com esse número, o empresário pode perceber que talvez ele ainda não esteja no momento ideal de iniciar um negócio, ou vai buscar os recursos necessários para por o plano em prática de forma mais segura.

André Cavalcanti

Autor: André Cavalcanti

Graduado em Ciências Contábeis pela UFPE e graduando de Direito pela UNICAP. Possui 7 anos de experiência na área contábil, com enfoque em assessoria e auditoria, tendo construído carreira principalmente na PwC com enfoque em Auditoria Contábil e Diagnóstico de Processos, que montou a base para a abertura da Valore Contadores Associados em 2016.

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